O advento das redes sociais trouxe imensuráveis avanços na comunicação dos seres humanos, diminuindo distâncias, universalizando o acesso e proporcionando conexões entre praticamente todas as pessoas. Mas também ocasionou o surgimento de novos desafios com os quais a sociedade contemporânea tem que lidar para que os ambientes virtuais sejam saudáveis. É preciso decidir se algum tipo de controle deve ser feito pelos governos a fim de que esses espaços de grande interação interpessoal não se tornem uma terra sem lei, de ampla vazão para crimes.
A evolução tecnológica diminuiu extraordinariamente o tempo e o custo de se transmitir uma mensagem, ou ter uma conversa ao vivo por vídeo, com pessoas do outro lado do mundo. Mas as redes sociais adicionaram a importante camada da conexão, elos digitais que simbolizam amizade, afeição e proximidade. É através deles que uma publicação pode ser replicada e distribuída e rapidamente alcançar um incontável número de pessoas, a maioria desconhecidas para o autor original. Assim, sob o prisma da Teoria dos Seis Graus de Separação, proposta pelo psicólogo Stanley Milgran, hoje está bem mais fácil fazer sua mensagem chegar até uma pessoa do sexto grau. Até barreiras como o idioma são facilmente contornadas, pois o esforço necessário para se fazer traduções está a cada dia menor.
Agora a facilidade com a qual uma publicação se espalha também pode se tornar um problema. Não é incomum o surgimento de notícias deturpadas ou relatos completamente falsos (as fake news) que ganham impulso de divulgação e influência nas redes sociais. E quando em réplica a informação correta é transmitida, dificilmente consegue atingir número similar de pessoas.
Outro malefício presente, e bastante comum, nas redes são as injúrias, agressões e discursos de ódio, ou seja crimes previstos em lei. Como nessas interações a proximidade é apenas virtual, o agressor se sente mais confortável por estar protegido atrás de uma tela, ou pela sensação de anonimato. Isso os encoraja a expelir ofensas e opiniões racistas que não fariam presencialmente.
Por fim, com esse e demais problemas que as redes sociais apresentam é importante avaliar que medidas os governantes podem buscar para coibir a prática de crimes no meio digital, principalmente facilitados pelas interações sociais. No Brasil há um código penal bastante abrangente e todos os delitos cometidos virtualmente podem ser tipificados, mas isso não é o bastante para inibir os malfeitores. É necessária uma regulamentação que faça o poder público mais presente, mais ativo na coibição e investigação dos possíveis crimes. Mas sem inibir a liberdade de expressão, fundamental como previsto no artigo 5° da constituição federal.